O câmbio automático AT6, conhecido tecnicamente como Aisin TF-72SC, é uma transmissão de seis velocidades amplamente utilizada em veículos de diversas montadoras, especialmente em modelos com motorização transversal.

Fabricado pela renomada empresa japonesa Aisin, subsidiária da Toyota, este câmbio se tornou popular por sua robustez e eficiência, sendo encontrado em uma vasta gama de veículos, incluindo os veículos com motor GSE T270 1.3 turbo. Sua concepção visa proporcionar trocas de marcha suaves e contribuir para a economia de combustível, características valorizadas tanto por motoristas quanto por fabricantes.

Trocador de Calor: O Ponto Crítico da TF-72SC (AT6)

Embora a transmissão TF-72SC (AT6) seja reconhecida pela sua robustez mecânica, raramente apresentando falhas prematuras em embreagens, engrenagens ou rolamentos, o ponto mais crítico e recorrente está no trocador de calor, cuja ruptura provoca a contaminação do óleo ATF pelo fluido de arrefecimento.

Essa contaminação cruzada ocorre quando a integridade interna do trocador é comprometida, permitindo a mistura entre o Fluido de Transmissão Automática (ATF) e o fluido de arrefecimento do motor. As causas mais comuns incluem corrosão ou fadiga do material, problemas agravados pelo uso de aditivos inadequados, diluição incorreta ou pela ausência de manutenção preventiva e troca periódica do fluido de arrefecimento. Quando a mistura acontece, as propriedades lubrificantes e de resfriamento do ATF são gravemente afetadas, resultando em consequências sérias e potencialmente irreversíveis para a transmissão.

Qual é a Função do Trocador de Calor?

A durabilidade de uma transmissão automática está diretamente ligada ao controle da temperatura do fluido ATF. O trocador de calor tem justamente a função de manter esse fluido dentro da faixa ideal de funcionamento, podendo aquecê-lo nos primeiros minutos de uso do veículo ou resfriá-lo em situações de maior esforço, quando há risco de superaquecimento.

No câmbio Aisin TF-72SC (AT6), o trocador de calor se acopla diretamente à transmissão e promove o intercâmbio térmico. O ATF circula pelo trocador ao mesmo tempo em que o fluido de arrefecimento do motor, que por sua vez opera em temperatura mais estável. Dessa forma, os dois fluidos trocam calor, mantendo o óleo da transmissão sempre dentro da faixa operacional correta.

Esse componente é geralmente fabricado em alumínio, material de alta condutividade térmica. No entanto, em determinadas condições, ele pode se tornar suscetível a falhas, tornando-se um ponto crítico para a saúde do câmbio.

Trocador de calor da transmissão automática AT6 (Aisin TF-72SC), componente crítico responsável por falhas e contaminação do fluido ATF.

Sintomas da Falha do Trocador de Calor

A contaminação cruzada e a falha do trocador de calor manifestam-se através de sintomas claros que o mecânico deve estar atento:

• Nível de Fluido de Arrefecimento Baixo: A perda de fluido de arrefecimento sem vazamentos externos visíveis pode indicar que o fluido está sendo consumido pelo câmbio através do trocador de calor.
• Falhas de Câmbio e Comportamento Anormal: Trancos, patinação, dificuldade em engatar marchas, perda de força ou entrada em modo de segurança são sinais comuns. Em situações mais graves, a transmissão pode até deixar de funcionar por completo.
• Códigos de Falha Específicos: Em alguns casos, além dos sintomas mecânicos, o sistema pode registrar códigos de falha (ex.: P0732 – Relação Incorreta da Segunda Marcha, P0733 – Relação Incorreta da Terceira Marcha e U0402 – Dados Inválidos Recebidos da UCE da Transmissão Automática). A presença desses códigos pode indicar que a transmissão foi comprometida devido ao rompimento interno do trocador de calor.
• ATF “Leitoso” ou com Coloração Anormal: Este é o sintoma mais evidente mas requer uma avaliação técnica adequada. O fluido de transmissão, que normalmente possui uma coloração avermelhada e translúcida ou escura no fim de sua vida útil adquire uma aparência marrom-clara ou “leitosa”, indicando a presença de água ou fluido de arrefecimento. A consistência também pode mudar, tornando-se mais viscosa ou espumosa.

Veículos Mais Suscetíveis à Falha no Trocador de Calor

Embora o câmbio Aisin TF-72SC seja reconhecido como uma transmissão robusta mecanicamente, alguns modelos de veículos apresentam maior vulnerabilidade a falhas no trocador de calor. Isso acontece principalmente devido a particularidades do sistema de arrefecimento e à falta de manutenção preventiva adequada.

É fundamental que mecânicos e proprietários estejam atentos a esses casos, para identificar precocemente os sintomas e evitar danos severos à transmissão. Entre os modelos que apresentam falha no trocador de calor, destacam-se:

Modelos Stellantis (Fiat e Jeep) com motores 1.8 E.Torq Evo e 2.0 Tigershark (2015 a 2021):

• Fiat Toro
• Fiat Argo
• Fiat Cronos
• Jeep Renegade
• Jeep Compass

Modelos Stellantis (Fiat e Jeep) com motor 1.3 GSE T270 Turbo (2022 a 2025): 

•Fiat Toro
•Fiat Fastback/Fastback Abarth
•Fiat Pulse Abarth
•Jeep Renegade
•Jeep Compass
•Jeep Commander

Jeep Renegade, um dos modelos equipados com a transmissão automática Aisin TF-72SC (AT6), onde o trocador de calor exige atenção especial na manutenção.

Recomendações de Diagnóstico e Manutenção

Para mecânicos e profissionais da área automotiva, o diagnóstico preciso e a manutenção preventiva são a chave para evitar ou mitigar os problemas do trocador de calor do câmbio Aisin TF-72SC AT6:

• Inspeção Visual do ATF: A verificação regular do fluido de transmissão é o primeiro passo. Observe a coloração, o cheiro e a consistência. Qualquer alteração deve ser um alerta.
• Verificação do Sistema de Arrefecimento: Inspecione o reservatório de expansão do fluido de arrefecimento. A presença de óleo ou uma coloração estranha indica contaminação.
• Teste de Pressão do Trocador de Calor: Após a remoção, é possível realizar um teste de pressão para verificar sua estanqueidade e identificar vazamentos internos.
• Troca do Fluido de Transmissão (ATF):Embora os fabricantes não prevejam a troca, substituir o ATF regularmente aumenta a vida útil da transmissão automática. Na AT6, a Doutor-IE recomenda a troca a cada 60.000 km em uso normal ou 30.000 km (36.000 km para Jeep) em uso severo. Durante o serviço, o mecânico pode identificar contaminação no fluido e, com um diagnóstico precoce, evitar a necessidade de desmontar toda a transmissão.
• Substituição do Trocador de Calor: Substituição Preventiva do Trocador de Calor: Além da manutenção do fluido de arrefecimento, a Doutor-IE recomenda considerar a substituição preventiva do trocador de calor a cada 4 anos ou 60.000 km, especialmente em veículos que operam em condições severas ou que não possuem histórico de manutenção. Esta medida proativa pode evitar falhas catastróficas e custos de reparo muito mais elevados.
• Aditivo de Arrefecimento e Manutenção Preventiva: Oriente seus clientes a usar o aditivo correto, na proporção certa, e trocar o fluido dentro do prazo. Aditivos de baixa qualidade, diluição incorreta ou falta de manutenção aceleram a corrosão do trocador de calor e de outros componentes do sistema.

O Trocador Furou, a Transmissão Quebrou… E Agora?

Quando o trocador de calor se rompe, o fluido de arrefecimento invade a transmissão. Assim, em pouco tempo danifica rolamentos, discos de atrito, vedações e outros componentes que dependem da lubrificação correta do ATF.

Se a falha já causou sintomas como trancos, patinação nas trocas de marcha, barulhos anormais, vibrações ou códigos de falha, não há alternativa: a única solução é a desmontagem completa da transmissão para reparo. Dessa forma, a simples substituição do fluido e do trocador de calor não é suficiente para corrigir os danos internos.

Conclusão: A Importância da Manutenção Preventiva

Os problemas relacionados ao trocador de calor, embora sérios, são em grande parte evitáveis com um diagnóstico precoce e uma manutenção rigorosa do sistema de arrefecimento.

Para o mecânico, compreender a fundo o funcionamento e as vulnerabilidades deste sistema é fundamental para oferecer um serviço de qualidade e garantir a satisfação do cliente. Além disso, o uso de ferramentas adequadas, a inspeção atenta dos fluidos e a manutenção preventiva com aditivo correto e troca periódica evitam falhas graves e fortalecem a confiança na oficina.

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